domingo, 27 de setembro de 2009

Margot Fonteyn


Margot Fonteyn nasceu na Inglaterra em 1919, (Seu nome verdadeiro era Peggy Hookham)
e viveu uma parte de sua infância na China. Quando ela completou 14 anos, sua família retornou à Inglaterra e ela obteu êxito numa audição para o Vic-Wells Ballet, fazendo sua estréia lá em 1934, como um floco de neve no 'Quebra-Nozes'. Seu primeiro solo foi o da jovem Treginnis no ballet de Valoi 'The Haunted Ballroom'
(O Salão Mal-Assombrado). Quando Markova, a primeira-bailarina da compania, saiu em 1935,
Fonteyn mais as outras bailarinas passaram a se questionar sobre quem iria substituí-la.
Com as audições ficou claro que Margot seria a escolhida. Ela tinha 16 anos.

Na época em que a Segunda Guerra Mundial estourou em 1939, Fonteyn dançou como Aurora, Giselle e Odette/Odile, e - talvez o mais importante - criou meia dúzia de papéis para Ashton. Após um tumultuado começo causado pela mútua incompreensão, ela e o coreógrafo estabeleceram uma relação feliz que durou por mais 25 anos produzindo a maioria de seus grandes papéis e seus grandes balés.

Em tempos de guerra a Companhia passava por uma vida nômade, que só terminou com o convite para montar residência do Convent Garden, e assim eles inauguraram sua existência naquele local com o ballet 'A Bela Adormecida', que mostrou o quanto Fonteyn, ainda com 26 anos, já havia percorrido na sua vida de primeira-bailarina. 'Symphonic Variotions' e 'Cinderella' foram os ballets seguintes. Fonteyn deixou de ser tesouro nacional britânico para ser uma estrela internacional quando se apresentou com sucesso em New York, na inauguração história da Companhia em 1949.

A década de 50 presenciou Fonteyn tomar o papel de Karsavina em 'Pássaro de Fogo', e criar Ondine e Chloe - os papéis que segundo Ashton faziam mais falta para ele quando a bailarina parou de dançar. Em 1956 ela casou com Roberto de Arias, um diplomata do Panamá, e por um tempo teve que se desdobrar para ser tanto uma bailarina quanto a mulher de um embaixador. Em meados de 1960 a possibilidade de se aposentar começaram a aparecer em entrevistas e reportagens.

Então, em 1961, Nureyev fez seu famoso salto de liberdade em Paris, e de Valois, com sua percepção, o convidou para ir à Londres dançar 'Giselle'com Fonteyn. A primeira apresentação dos dois foi uma revelação, e a mais famosa parceria de toda a história do ballet nasceu. A controvérsia de diferença de idades anos entre eles, seus temperamentos opostos e seus antecedentes todos diferentes pareceram criar uma atmosfera elétrica entre os dois toda vez que apareciam juntos, e Fonteyn - ainda muito longe de ser apagada da fama - pareceu rejuvenescer, enquanto sua técnica melhorava. Certamente sua carreira se estendeu por mais 15 anos, e nós ainda a vimos em muitos novos ballets, geralmente criados para explorar a dinâmica da parceria - a mais famosa delas, provavelmte, em 'Marguerite e Armand', de Ashton.

Fonteyn se apresentou pela última vez no começo da década de 70, e se aposentou no Panamá para morar com seu marido, que ficou inválido após um acidente. Ela morreu com câncer em 1991. Sua musicalidade, sua eloqüência e elegância a fizeram a perfeita expressão do que viria a ser o estilo inglês. Sua modéstia e dignidade foram exemplos para toda a Companhia em seus anos de crescimento.

A maioria das filmagens sobre ela foram feitas muito tarde na sua carreira para acompanhar a sua técnica,
mas ela parece ter inspirado os fotógrafos e também coreógrafos e assim há hoje um grande acervo de fotos
de qualidade da bailarina. Após a fama de sua parceria com Nureyev a carreira ficou meio apagada,
mas mesmo se ela já tivesse se aposentado sem dançar com ele,
Fonteyn ainda seria lembrada como uma das grandes bailarinas que já tivemos.

Marius Petipa


As bailarinas italianas espalhavam uma nova "moda": a dança mais acrobática, mais voluptuosa,
como a de Fanny Elssler.

Na Rússia, a monarquia dos Czares incentivava e investia na dança, como forma de mostrar seu
poder e grandiosidade. Tal situação atraiu talentos de toda a Europa, que fugiam do mercantilismo
e da conseqüente falta de investimento na dança.

Dentre eles, estava Marius Petipa, o homem que ergueu e tornou conhecida e respeitada a escola russa. Primeiramente, ele treinou os alunos russos para substituírem as estrelas estrangeiras contratadas para os papéis principais das obras apresentadas. Logo, trabalhou em uma técnica especialmente russa, criando uma escola e bailarinos reconhecidos por sua técnica clássica em quase todo o mundo.

Além disso, Petipa foi o criador da maior parte dos Ballets de Repertório preservados até hoje.

São eles: Dom Quixote, de 1869; La Bayadère, de 1877; A Bela Adormecida, de 1890; O Lago dos Cisnes,
de 1895; e Raymonda, de 1898. Além desses, Petipa remontou grandes ballets já reconhecidos na época,
como Giselle, em uma versão especialmente russa.

Era sua característica montar obras que fugiam um pouco do espírito do romantismo - que a esta altura já estava em decadência - pois recheava seus atos com números virtuosísticos que não tinham muito a ver
com a história que estava sendo contada. Esses números não se desviavam suficientemente da obra para enfraquecê-la, mas tornavam os ballets de Petipa ricos superespetáculos. Um bom exemplo dessas "interferências" dentro do enredo do ballet é o Pas-de-deux do Pássaro Azul no último ato de A Bela Adormecida. Além disso, seus ballets sempre agradavam ao público.

Petipa trabalhou com diversos compositores como Drigo, Glazunov (Raymonda) e Minkus (La Bayadère),
mas a parceria mais brilhante foi com Tchaikóvsky, em A Bela Adormecida.

Dois anos após a morte do compositor, remontou O Lago dos Cisnes (que já havia estreado anteriormente com outro coreógrafo, mas fracassou) em parceria com seu assistente Lev Ivanov,
não menos talentoso que o mestre e seu sucessor.
O Lago talvez seja a mais conhecida e mais admirada obra clássica representada atualmente.

A Partir de 1887, Petipa integrou a seu estilo as novidades vindas da Itália, sob pena de sair de moda.
Após essa data, seus ballets expressam a virtuosidade formal italiana, e tramas um pouco mais simples.
Por isso, foi criticado por escolher os temas de suas obras não pelo valor, mas pelas possibilidades cênicas que ofereciam. É verdade que o coreógrafo valorizava a técnica e as formas, mas o abandono da poesia e da sensibilidade, como aconteceu no início do século XVII, foi tão leve que se tornou insuficiente para tirar o brilho dos grandes ballets que criou. Tão imenso é esse brilho, que esses ballets encantam as platéias e influenciam bailarinos e coreógrafos até hoje, século XXI.

Vaslav Nijinsky



Vaslav Nijinsky nasceu em 1890, filho de Eleonora Nijinsky, bailarina e de Thomas Nijinsky, bailarino.
Os pais viajavam por toda a Rússia em constantes turnês. Teve dois irmãos: Stanislav e Bronislava.
Stanislav, aos 5 anos, caiu do terceiro andar de uma casa e sofreu com a queda retardamento cerebral,
sendo mais tarde internado. Sua irmã, Brônia, tornou-se uma famosa bailarina e coreógrafa.

Os pais de Nijinsky não tiveram uma vida muito feliz. O pai, alguns anos após o casamento, apaixonou-se
por uma bailarina, vivendo com a mesma na própria Companhia. Mais tarde, visto não conseguir o
divórcio, Thomas fugiu com a amante. E Eleonora ficou só com as três crianças.
Foi uma série de misérias e de tristezas a vida infantil de Nijinsky.

Aos 8 anos fez o exame na Escola Imperial, e passou, mas, como tinha pouca idade, não pôde entrar.
Aos 10 anos, tornou-se aluno da Escola. No início não foi um aluno muito aplicado, apesar de apresentar
grande facilidade em realizar os passos. Aos 17 anos entrou no corpo de baile do Teatro Marynsky,
e imediatamente obteve grande êxito. Conheceu Diaghileff, e entre eles nasceu uma profunda amizade.

Em 1909 foi para Paris, na primeira estação do Ballet Russo. Nijinsky vivia seus papéis com grande realidade,
mesmo antes de entrar em cena já estava transfigurado, já começava a viver o papel. A platéia não desprendia os olhos de sua figura, polarizava a todos. Em 1911, Nijinsky rompeu com o teatro Marynsky, devido a intrigas.
Conta-se que uma princesa achou indecente a roupa usada por ele em Giselle, pois Nijinsky esqueceu de colocar o calção por cima da malha. Retirando-se do Marynsky, Diaghileff resolveu formar uma companhia própria
com os artistas do teatro Marynsky, que se retiraram para seguir em sua companhia.

Assim, em 1911, o Ballet Russo não mais pertecia ao teatro Marynsky, mas sima Sergei Diaghileff.
Em 1912, Nijinsky estréia como coreógrafo. Sua primeira coreografia foi "L'aprés midi d'un faune", com música
de Debussy. É um ballet impressionista, inspirado num poema de Mallarme, e ocm decoração de Leon Baksta.

Marie Anne de Cupis de Camargo


Marie Anne de Cupis de Camargo (1710-1770)
Marie Camargo, responsável por muitas mudanças técnicas e de estilos no balé, nasceu em Bruxelas.
Aos 16 anos, fez sua primeira apresentação, no teatro Opera de Paris, em um balé de Jean Balon,
chamado "Caractères de la Dance". Devido ao sucesso, seguiram-se várias apresentações em mais de
78 balés e óperas. Rápida e muito ágil, ela aperfeiçoou os passos com saltos (o entrechat e o cabriole),
os quais eram somente executados por homens. Foi também responsável por estabelecer a manutenção
de uma perna elevada a 90 graus do quadril. Encurtou as saias de balé, para facilitar a execução
de passos mais complexos e possibilitar que fossem mais bem apreciados pela platéia.

Tirou os saltos dos sapatos de balé, facilitando assim a execução de saltos mais complicados.
Parou de dançar em 1734, quando tornou-se amante do Conde de Clemont,
mas retornou 7 anos depois apresentando-se várias vezes, com enorme sucesso.
Camargo era uma perspicaz mulher de negócios e permitiu que seu nome fosse usado em
anúncios de sapatos e perucas. Em 1751 se aposentou com uma pensão do governo francês.
Em 1930 foi fundada em Londres, a Sociedade Camargo, que se propunha a montar a cada ano espetáculos
de balé e se possível com obras novas. Esta sociedade conseguiu ajudar a estabelecer o
Vic-Wells Ballet, hoje o Royal Ballet.

Isadora Duncan


(1877-1927)
Isadora Duncan, uma das mais fascinantes personalidades da dança,
nasceu em 26 de maio de 1877,em San Francisco, Califórnia.

A princípio estudou ballet clássico, mas seu inconformismo com as limitações acadêmicas deu os primeiros contornos à revolução que seria desencadeada durante sua vida. Ensinou danças de salão aos 15 anos.

Leu muito, era cultíssima. Sobre Ballet, chegou a escrever mais tarde: "eu sou inimiga do Ballet,
o qual considero arte falsa e absurda, que de fato está fora de todo o âmbito da arte".

Isto por não ser de maneira alguma natural, Exigindo um "esqueleto deformado" e "movimentos estéreis,
cujo propósito é causar a ilusão de que a lei da gravidade não existe para eles". Desbancando grilhões
do academicismo, procurou renovar a arte do movimento com estilo próprio.

Através de mensagens extremamente pessoais, conseguiu criar não só um novo tipo de dança,
mas uma nova concepção a respeito da arte.

Com pouquíssimo treino acadêmico, viajou para a Europa, onde ingressou em pequenos
grupos de vanguarda em Londres, Paris e Alemanha. Porém sua grande oportunidade viria
com as apresentações de solo, quando as casas européias ficaram estarrecidas com suas performances.

Numa época em que era pecado dizer a palavra "perna", Isadora dançava ornada de tules.
Amparada por composições de Chopin, Brahams, Beethoven, Bach,
no período considerado adequado apenas para Concertos.

Foram três as fontes de sua busca pela origem da dança: a Natureza,
a Grécia Antiga e dentro de si mesma. Acabou encontrando o plexo solar, fonte e origem de todo o
movimento, algo muito diferente do que ensinavam as academias de Ballet.Em 1903 apresentou-se no
Teatro Sarah Benhardt,em Paris, e foi aplaudida de pé por todo avant-garde,
que imediatamente adotou-a como uma espécie de musa de uma nova dança.

No ano seguinte, excursionou pela Rússia, influenciando coreógrafos emergentes como Fokine e Diaghilev.
Representou uma verdadeira revolução não só da dança, mas também dos costumes: as mulheres da época eram literalmente amarradas em diversas camadas de roupas.

Libertou-se radicalmente das sapatilhas, foi a primeira bailarina ocidental a dançar descalça
e aparecer no palco sem malhas.

Isadora era, para sua sociedade, a própria imagem da liberdade. Mas não era tida como libertina:
suas danças exalavam um puritanismo pagão. No entanto, por ironia, as origens de sua dança,
renascentistas e gregas, remetem a cultos dionisíacos e transes extáticos.

Sua obsessão pela Grécia e fascínio pela renascença eram muito coerentes.
Um dos traços principais do renascimento era o retorno dos clássicos e da era dourada: a antiguidade.
Platão, por exemplo, foi redescoberto neste período. A Idade Média só tinha Aristóteles.

Duncan dedicou ao ensino juntamente com sua irmã Elizabeth, fundou em Berlim
a primeira escola para ensinar seus princípios.Empolgada pelos ideais da revolução Soviética,
abriu também uma escola em Moscou (1921).

Percorreu em excursões todo o território americano, incluindo o Brasil (1915).

Morreu estrangulada em 1927, pela própria estola que se prendeu na roda traseira de seu carro em movimento.
Isadora não foi uma grande dançarina, nem uma grande coreógrafa; sua importância se prende ao fato de ter mostrado ao mundo a imensa riqueza de possibilidades que havia fora do senso comum, além de ter possibilitado que uma falange de gênios coreográficos como Fokine, Balanchini, Ashton, Graham pudessem desenvolver seus bailados e idéias.

A vida de Isadora Duncan é sua própria mensagem, provando que a genialidade
às vezes reside onde menos se espera.

Natalia Makarova


Bailarina russa, nascida em Leningrado, em 1940. Iniciou suas aulas de balé aos 13 anos.
Estudou no Kirov Ballet School e com seu talento garantiu sua participação no Kirov Ballet em 1959.
Partiu para o The American Ballet Theatre em 1970, quando abandonou o Ballet Kirov e buscou asilo no Ocidente. Ddesde aquele momento desenvolveu uma carreira internacional fulgurante.

Sua interpretação de alguns papéis do repertório clássico como Giselle ou Odette-Odile é já lendária.
Por outro lado, em meados da década de 80, começou a ensinar alguns destes papéis a bailarinas jovens. conquistando o mundo com sua graça e precisão de movimentos.

Sua relação com o Royal Ballet teve início em 1972.
Seu repertório de apresentações inclui "Giselle", "Romeu e Julieta", "Lago dos Cisnes",
"A Bela Adormecida" e muitos outros balés.

Makarova foi a única artista exilada convidada a retornar à Rússia para se apresentar.
Hoje ela trabalha para as maiores companhias de balé produzindo espetáculos com sua genialidade e perfeição.

Alicia Alonso


Alicia Alonso (1921) Alicia Ernestina de la Caridad dei Cobre Martinez Hoya nasceu em Havana em 1921. Começou seus estudos de balé na Sociedad Pro-Arte Musical em Havana com Sophia Fedorova e
quando dançou em Cuba usava o nome de Alicia Martinez. Depois de casar com Fernando Alonso passou
a usar seu sobrenome. Em Nova York, Alicia estudou com Anatole Vilzak e Ludmilla Shollar no
School of American Ballet, e depois com Vera Volkova em Londres. Em Nova York, dançou em musicais,
foi solista do Ballet Caravan, e em 1941 fez parte do Ballet Theater, mas de tempos em tempos voltava
a Cuba como bailarina do Teatro Pro-Arte em Havana. De 1941 a 1943, o Teatro Pro Arte ficou conhecido
como Companhia de Balé Alicia Alonso e lá tornou-se sua primeira bailarina. Nesta época,
Cuba era aliada dos Estados Unidos e assim, Alonso não tinha nenhuma dificuldade em viajar de um país ao outro. Com seu parceiro Igor Youskevitch, juntou-se ao Balé Russo de Monte Carlo em 1955.
Alicia teve grandes dificuldades em sua carreira, quando por um problema em sua vista ficou
praticamente cega. Seus parceiros tinham sempre que estar no exato lugar onde ela esperava que
estivessem e usava diferentes luzes no palco para guiá-la. Dançou duas vezes na Rússia em 1959 e
produziu o balé Gisele para Ópera de Paris, sendo ela própria a primeira bailarina.
Quando Fidel Castro tornou-se ditador de Cuba em 1959, Alonso retornou a seu país e tornou-se
bailarina e diretora do Balé Nacional de Cuba, posição que tem até hoje.