Mostrando postagens com marcador Clássicos de Repertório. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Clássicos de Repertório. Mostrar todas as postagens

domingo, 3 de novembro de 2013

BALLET DE REPERTÓRIO

Balé de repertório, em francês ballet d'action, é o tipo de ballet que contém uma história dentro dele, que é representada através das danças. O balé de repertório precisa contar com um número razoável de bailarinos e coreografias para ser executado. É um conjunto de coreografias querendo contar uma história. Tem um conjunto de passos que deve ser seguido, minuciosamente (apesar de às vezes, o coreógrafo fazer adaptações, que devem sempre ser citadas). Os mais conhecidos são O Quebra Nozes, O Lago dos Cisnes, Giselle, Copéllia, Pássaro de Fogo, Esmeralda, Dom Quixote, etc.
Os balés de repertório contam uma história usando a dança, a música e a mímica. Foram montados e encenados durante o século XIX, e até hoje são remontados com as mesmas músicas e suas coreografias de origem, baseados no estilo da escola que vai apresentá-lo. Seguem tradicionalmente sua criação. No palco se apresentam os grandes bailarinos, o corpo de baiobs: normalmente as sequências de passos não podem ser mudadas. Exemplo: se a cena 1, tem um adágio, não se pode retirar para colocar um alegro.
São obras montadas antes do século XX que são patrimônio da Humanidade.
Essa é uma lista dos mais famosos balés de repertório:

domingo, 10 de junho de 2012

OS SAPATINHOS VERMELHOS




VERSÃO CRIADA PARA O BALLET




Numa bela tarde de sol, uma mocinha passeava com o namorado numa praça onde se realizava uma feira, quando viu na vitrine de uma loja do outro lado da rua um lindo par de sapatilhas vermelhas. Ela que sempre teve uma vontade enorme de dançar, mas sem ter tido numa oportunidade de aprender, fica encantada com as sapatilhas que estão à venda.
O rapaz, porém, pressentiu alguma coisa estranha que não lhe parecia boa, uma força quase mágica que vinha do tal sapato que exigia a aproximação e atenção do casal. Com tal pressentimento, o jovem tenta fazer com que a namorada se desinteresse das sapatilhas, sem ter, porém um motivo concreto para dissuadi-la da compra, a não ser o alto preço que era pedido.O vendedor da loja, que observava toda a conversa do casal, se aproximava de uma forma um tanto estranha, pois não era amigo ou mesmo conhecido de nenhum dos dois, e oferece de presente à moça o par de sapatilhas vermelhas.Entusiasmada, ela se desfaz dos sapatos velhos, calça os novos e sai dançando lindamente pela feira, em meio às barracas e as pessoas que paravam para admirá-la. Dança com vários rapazes, feliz em perceber a grande dançarina que era. Nenhum dos seus pares conseguia acompanhá-la por muito tempo e ela dançava sem parar, fascinada pelo brilho dos seus sapatos vermelhos. Não tinha percebido que seu namorado há muito havia se perdido dela na confusão da feira e que o vendedor de sapatos, ao contrário, estava sempre por perto, em todos os lugares onde ela exibia a sua dança.Horas depois, exausta, a moça volta ao centro da praça, querendo sentar, descansar um pouco, mas as sapatilhas obrigavam-na a dançar mais e mais como se mandassem no seu corpo. Quando já não agüentava mais, reconheceu na pessoa que sempre estivera ao seu lado, o vendedor que lhe havia dado o presente e sentiu como se ele a acusasse de ser uma ambiciosa, dona de um desejo incontrolável de se tornar bailarina a qualquer preço. Sentia como se ele a culpasse por alguma coisa muito séria que ela mal podia entender, e que a estava castigando, ou melhor, ela mesma estava se castigando por não ter controlado a tentação de ter os sapatos e ser notada por sua dança.Confundindo aquela fantasia, aquele pensamento, com a vida real, a moça desesperada tenta voltar para casa. No meio do caminho encontra um velho que a conduz para uma igreja onde ela descansa e pensa sobre a vida, e se vale a pena trocar sua tranqüilidade por um desejo tão facilmente realizado através da magia, longe da realidade.Ainda confusa entre a verdade e a fantasia, a moça desmaia de cansaço e morre em seguida.Nesse mesmo instante, aquele estranho vendedor recoloca na vitrine o mesmo par de sapatilhas vermelhas à espera de uma próxima vítima.


O BALLET CÔMICO DA RAINHA







O Ballet cômico da Rainha foi um grande espetáculo da corte francesa, considerado ponto de partida como arte de contar uma história através da dança. A apresentação foi encomendada pela rainha Catarina de Medicis, mãe de Henrique III, para festa de casamento, ao músico Beaujoyeux, conhecido como grande organizador da festas com música, dança e teatro.
A festa se realizou em 15 de outubro do ano de 1581 na Salle du Petit Bourbon e teve uma representação dramática, musical e cenográfica em um prólogo, dois atos e grande final, com a presença dos intérpretes  Mlle. de Saint Mesme ( Circe); TM. de la Roche ( Nobre); M.de Beaulieu ( Clauco); Mlle.Beaulieu ( Tetis); Mlles. de Vitri, de Sugeres, de Lavernay, d' Estavay ( Ninfas); M de Jutigny (Pan); M. du Pont ( Mercúrio); a Rainha da França (participação especial) a Princesa de Lorena ( Participação especial); os membros da corte de Henrique II (Participação especial); Coreografia de Balthazar Beaulieu, Salmon e Beaujoyeux. Cenário e figurinos de Jacques Patin.
No libreto deste ballet criado em 1582, Beaujoyeux escreveu sobre a sua criação falando da originalidade e forma de espetáculo em que a dança tem um tratamento especial em relação à música, poesia, canto, artes presentes na apresentação, porém a serviço da dança.


A história se passa no jardim do palácio da deusa Circe e conta que um nobre prisioneiro dessa deusa foge do seu cárcere e chega aos domínios do rei para pedir que o ajude a conseguir sua liberdade. Tentando cativar a simpatia e a proteção real, o homem conta a sua história fazendo uma cena exagerada e engraçada com gestos enormes e palavras rimadas como se declamasse uma poesia. O Rei fica interessado e encantado com o feito do nobre, começa a imaginar toda aquela fantasia que ele declamava a respeito do reino da deusa e do seu aprisionamento. Imaginava tudo como se fosse uma realidade. Em seu favor, chegam também até o Rei três sereias e um tritão - deus do mar, meio homem, meio peixe -, que entram cantando e dançando, e não só confirmam as notícias do nobre, mas também prometem a presença de mais moradores do reino de Circe que logo estarão ali para contar suas vidas fantasiosas. Surge então uma grande fonte puxada por três cavalos marinhos, cheia de náiades - deusas das fontes e dos rios - que se dirigem ao Rei e dão seu depoimento cantando uma linda canção, acompanhada por doze pares de ninfas e pajens dançarinos. No momento em que todos estão pedindo ao Rei a liberdade do prisioneiro, surge a deusa Circe, que ao perceber que alguma coisa contra ela está sendo tramada, imobiliza a todos com sua varinha mágica. Até o deus Mercúrio que estava entrando pessoalmente, para combater a poderosa Circe, é vítima da sua força e também fica paralisado. Sob o poder da magia da deusa, todas essas pessoas encantadas vão se transformando em animais e seguem com ela para viver no interior de um bosque, onde é a soberana. Novamente sozinho, o Rei, vendo o salão sozinho, entristece e quase se perde, mas a chegada de um grupo de dríades-ninfas dos bosques - que cantam e dançam acompanhadas por três cômicos flautistas - o alegra novamente. No meio das danças, as ninfas descobrem a caverna do deus Pan a quem vão pedir para livrar o bosque do do encantamento de Circe e libertar seus amigos. Ouvindo o apelo das ninfas a Pan, a deusa Minerva se une a eles e canta para o Rei toda a sua sabedoria. No seu canto, chama o deus Júpiter para que os acompanhe também, na tentativa de salvar o bosque do poder de Circe e os apóie com sua força de divindade.Todo o grupo, liderado por Pan e seus oito pajens, se dirige para o castelo de Circe, disposto a acabar com o encantamento feito por ela. Sabendo da caravana que se aproximava dos seus domínios e ouvindo gritos estranhos dos animais encantados, a deusa corre para o bosque a fim de combater os intrusos mas é impedida de chegar até lá por um raio de Júpiter.Vencedores, deusas, deuses, cômicos e ninfas voltam ao castelo do Rei para uma grande homenagem ao soberano e para entregar a ele a deusa Circe como prisioneira. As dríades entram dançando uma linda melodia cantada por Júpiter e as náiades se dirigem ao centro do salão, iniciando um grande baile para o qual todos, imortais, deuses e reis, humanos e não-humanos, são convidados a participar e a se divertir.

domingo, 27 de setembro de 2009

Sylvia


Música de Léo Delibes
Libreto de Jules Barbier e Barão de Reinach
Coreografia de Louis Mérante e cenários de Jules Chéret, Alfred Rulié e Philippe Chaperon.

A primeira apresentação foi em 9 de junho de 1876, na Ópera de Paris.

Rita Sangalli foi primeira bailarina, interpretando Sylvia. O ballet é baseado no poema de Aminta de Tasso.
Em 1879, Delibes fez duas suítes orquestrais do bailado que obtiveram grande sucesso. A música é muito conhecida e tem servido para introdução de programas de rádio, especialmente de novelas.

Personagens: Sylvia, Diana, Eros, um pastor, uma camponesa, Amintas, Orion, Sátiro, Silvano.
Primeiro Ato: Bosque sagrado. Pequeno hemiciclo de mármore com uma estátua de Eros.
Um pequeno arroio de um lado. Rochas, tufos de mirta e loureiro. Noite de luar.

Faunos e ninfas estão se divertindo, mas correm assustados ao entrar o pastor Amintas. Este, ao perceber
a chegada de Sylvia com suas ninfas, esconde-se atrás da estátua de Eros. Dança de Sylvia e das ninfas
em honra de Eros. O caçador negro Orion, o terror das florestas, aparece entre as rochas, e fica admirando
a dança das jovens. De repente, uma das ninfas encontra o cajado e o manto de Amintas. Passam a procurar
o intruso, que é achado e trazido à presença de Sylvia.

Nesse momento, Orion some atrás dos rochedos, fazendo um gesto ameaçador para seu rival.
Sylvia quer castigar Amintas e aponta-lhe uma flecha. Entretanto, muda de idéia e dispara contra Eros.
Amintas se coloca na frente e cai ferido. Por seu turno, Eros dispara uma seta contra Sylvia que não é ferida.
Orion, que ama Sylvia, volta e fica contente ao ver Amintas morto. Traz uma corrente para prender a ninfa.
Sylvia parece atraída por Amintas e beija a flecha, parecendo pedir perdão por tê-lo ferido.
Orion atira a corrente, prende Sylvia e a arrasta embora. Surgem os amigos de Amintas e tentam
reanimá-lo sem sucesso. Um velho feiticeiro espreme uma rosa nos lábios de Amintas,
e o pastor volta à vida. Ao saber do rapto de Sylvia, parte à procura de Orion.

Segundo Ato: Gruta rochosa com uma entrada estreita.
À direita, uma sinuosa passagem comunica com outra parte da caverna. Sylvia está presa na gruta de Orion.
Dança, enquanto Orion, embevecido, bebe vinho e acaba por adormecer. Sylvia invoca Eros,
que aparece e a conduz para fora da gruta.

Terceiro Ato: Paisagem arborizada à beira mar. À esquerda um Templo de Diana.
Aldeões trazem estátuas de Baco e Sileno. Dançam uma bacanal. Entra Amintas ainda à procura de Sylvia.
Um navio se aproxima. Eros, disfarçado de pirata, salta em terra, seguido por muitas escravas que pretende vender. Uma das escravas dança para Amintas e depois retira o véu, revelando-se como Sylvia. Entra Orion, ameaçando os dois. Sylvia corre ao tempo para pedir proteção à Diana. Quando Orion golpeia a porta do templo, o céu escurece e começa a trovejar. Diana aparece à porta do Templo. Quando Orion quer se atirar sobre Sylvia, é atingido
mortalmente por uma flecha disparada por Diana. O pirata se revela como Eros e dança com Diana. As nuvens
se dissolvem, o céu se abre, e o sol volta a brilhar sobre o Templo de Diana.

La Sylphide


Coreografia: Filippo Taglioni

Música: Jean Schneitzhoeffer

Estréia Mundial: 1832, em Paris.

La Sylphide. A história se passa numa fazenda na Escócia, onde James, noivo de Effie, vivia. Dias antes do casamento,
James adormeceu numa cadeira de balanço e sonhou com a Sylphide, uma jovem desconhecida que usava uma roupa branca, longa e transparente. Na verdade, James não estava sonhando, e a Sylphide era um ser alado que mora nas florestas. O rapaz ficou tão impressionado com a beleza da moça que sentiu seu amor dividir-se entre ela e a noiva. Gurn, um rapaz que também estava interessado em Effie, estranhou o modo como James andava se comportando
e foi à sua casa, à noite, para ver o que poderia estar acontecendo. Chegando lá, ele descobriu que a Sylphide andava fazendo visitas ao amigo, e correu para contar tudo a Effie, que, por sua vez, não acreditou em nada.

Chega, então, o dia do casamento. Durante a festa, apareceu Madge, uma feiticeira disfarçada de velha,
que pediu para ler a mão de Effie. Ela viu em suas mãos um casamento, mas não com James. Por tamanha audácia,
a feiticeira foi expulsa da festa. Na hora da cerimônia, quando os noivos estavam trocando das alianças, a Sylphide apareceu chamando por James, dizendo que se ele se casasse ela morreria. Da mesma forma misteriosa que apareceu, ela desapareceu de novo. James não resistiu e foi em busca de seu amor na floresta, para onde Madge, sedenta de vingança, havia ido depois de ser expulsa da festa. Lá, ele encontrou a Sylphide em uma clareira, e os dois se abraçaram e dançaram durante um longo tempo. Foi quando Madge apareceu e ofereceu a James um xale mágico, para transformar a Sylphide em uma mortal, de forma que ela poderia se casar e viver com ele. Mas os amantes nem sequer desconfiavam que as intenções de Madge não eram de ajudar o casal. Na hora que James colocou o xale nos ombros de sua amada, suas asas, símbolo de sua imortalidade, foram cortadas e ela morreu em seus braços.
Para completar sua vingança, Madge fez com que James escutasse as badaladas dos sinos que
celebravam o casamento de Effie e Gurn.

La Sylphide foi uma obra que inovou a dança na Europa Ocidental. Na época do florescimento do romantismo,
a sociedade européia esperava por uma obra que demonstrasse todo o clima desse tempo, e que inovasse esteticamente, não repetindo a história camponesa e realista de La Fille.
A roupa desenhada para a Sylphide é o maior exemplo disso: branca, longa e transparente,
dava um aspecto irreal à personagem. Foi também uma das maiores revoluções teatrais de nossa era, pois era uma roupa simbólica e que nem sequer parecia com as usadas no dia a dia. O clima etéreo e a ilusão são marcas dessas inovações. Mas a maior novidade foi a construção do ballet inteiro usando sapatilhas de ponta. Temos registros de danças nas pontas dos pés anteriores à estréia de La Sylphide, mas esse foi a primeira peça cuja coreografia original previa o uso de sapatilhas de ponta do início ao final. Essa inovação gerou inúmeras mudanças na dança clássica, inclusive a recolocação do homem nas coreografias, passando a exercer mais o papel de partner do que de bailarino. Os pas-de-deux se tornaram mais sensuais, pois o homem, para dar mais suporte à bailarina, precisa tocá-la com mais freqüência e escorá-la com o próprio corpo. Dois anos depois da estréia de La Sylphide na França, o ballet foi remontado na Dinamarca com nova música e nova coreografia, de Herman Severin Lvenskjold e Auguste Bournonville, respectivamente. Essa é a versão conhecida atualmente, pois da versão de Taglioni só resta o libreto, que foi a única ferramenta utilizada na segunda versão. Foi o libreto que, inclusive, inspirou Bournonville a construir o ballet. Em 1971, o professor Pierre Lacote, após anos de pesquisas baseadas nas descrições e anotações da época,
recompôs o ballet de Taglioni. Essa versão é a mais conhecida e dançada por companhias brasileiras.

Spartacus


Música de Khachaturianís
O tempo e lugar: Roma antiga
Coreógrafo, produtor-Yuri Grigorovich
Desenhista, produtor-Simon Virsaladze

Spartacus é líder dos escravos rebeldes Crassus é um Chefe romano. Phrygia é a amada de Spartacus.
Aegina é uma cortesã, concubina de Crassus', Gladiadores, escravos, pastores, cortesã, legionários,
bajulam, patrícios, camponeses.

O ballet conta a história de gladiadores e escravos sob a liderança de um jovem chamado Spartacus
e a derrota deles por tropas do chefe romano Crassus que reflete os reais eventos da história romana no primeiro século AC. Spartacus é firme e nobre. Uma idéia de liberdade determina sua vida e ações. Crassus é insidioso e cruel, ele está se esforçando para glória pessoal e poder ilimitado em cima de Roma imperial.
Spartacus luta com força poderosa e morre em uma briga com os romanos superiores de Crassus.

ATO 1

Cena 1, A Invasão.
A máquina militar de Roma imperial, encabeçada por Chefe Crassus, conduz um ataque brutal e quebra tudo
em seu caminho. Spartacus e Phrygia estão entre os prisioneiros encadeados, se transformados em escravos.
Spartacus está em um desespero impotente. Nascido como um homem livre, ele é se transformado agora em um escravo encadeado.

Cena 2, o Mercado de Escravos.
Traficantes de escravos separam os homens cativos e mulheres para vender aos romanos ricos.
Spartacus está separado de Phrygia. Phrygia, Inconsolável no pesar dela. Ela é superada com um
sentimento ameaçador devido às suas provações.

Cena 3, Orgias a Crassus.
Mimica e cortesã entretêm convidados que estão escarnecendo Phrygia. Aegina atrai Crassus em uma
dança frenética. Crassus, apedrejado por vinho e paixão, exige desempenhos. São lançados dois gladiadores
vendados no quarto e têm que lutar um ao outro para a morte para a diversão dos romanos. A pessoa é morta, e quando o vencedor se vai a máscara dele que nós vemos é Spartacus. Ele é horrorizado quando ele descobre que foi forçado a matar o escravo da mesma categoria dele. A tragédia de desespero desperta o sentimento de raiva e protesto. Ele não pode sofrer o cativeiro mais do que qualquer outro. A escolha dele é liberdade.

Cena 4, o Quartel de Gladiador.
Spartacus chama os gladiadores a uma reunião.
Os gladiadores juram fidelidade a ele e em um único ajuste, fogem do quartel para liberdade.

ATO 2

Cena 5 Livres de cativeiro os gladiadores são pegos por sonhos de igualdade.
Pastores e camponeses unem com a faixa rebelde de guerreiros. Spartacus é declarado o líder da reunião.
Spartacus partido, só almeja Phrygia. Está preocupado sobre o destino dela.
Recordações da amada dele não o abandonam. Se concentram pensamentos de Spartacus nela.

Cena 6, Vila de Crassus.
Spartacus procura Phrygia na vila de Crassus'. Eles escondem com Aegina. Cortesã sem escrúpulos, os amigos dela e patrícios passam o modo deles a um banquete. Aegina pausa para refletir nas ambições dela: ela dominaria
Crassus da mesma maneira que ele dominaria o mundo. Eles têm muito em comum, mas para se tornar um sócio
legal da nobreza de Roma, ela tem que ter Crassus no poder dela.

Cena 7, O Banquete a Crassus.
Crassus celebra as vitórias dele com Aegina e os amigos e patrícios que vêem o chefe como o símbolo de
Roma invencível. De repente, notícias vêm que forças rebeldes de Spartacus cercaram a vila. Toda a corrida
fora em pânico. Crassus e Aegina correm para fora em terror. Spartacus estoura na vila.
Spartacus celebra a Vitória! O inspira e enche de fé. Vitória!

Cena 8, Vitória de Spartacus.
Crassus é levado o prisioneiro, mas Spartacus permite para o inimigo decidir o destino dele em uma feira,
briga aberta. Quando Spartacus derrota Crassus no combate, ao bater a espada, Crassus está pronto para morrer, mas Spartacus lhe deixa ir; ele o menospreza e quer todo o mundo para saber sobre a desgraça dele.
Exultado os rebeldes glorificam vitória de Spartacus.

ATO 3

Cena 9, Vingança de Crassus.
Crassus sofre da desgraça dele. Para o mau de Aegina, Crassus recupera a coragem dele.
Há só uma escolha: a morte dos rebeldes. Crassus jura levar Spartacus e reagrupa as legiões dele contra os rebeldes.
Aegina aconselha Crassus para uma vitória. Para Aegina: Spartacus também é o inimigo dela. Crassus derrotado também significa a morte dela. Aegina contempla um plano insidioso e semear as sementes de desmoralização no acampamento de Spartacus.

Cena 10, Acampamento de Spartacus'.
Spartacus e Phrygia estão contentes, mas os chefes dele dizem que o exército romano está próximo.
Spartacus sugere ir para cima da batalha, mas muitos rebeldes mostram covardia e deixam o líder em desgraça.
Spartacus sente o fim trágico da briga dele, mas ele está pronto sacrificar a vida para liberdade.
Os rebeldes ainda dedicados a ele estão prontos seguir seu líder.

Cena 11, Desmoralização.
Aegina, cheia de ódio para Spartacus e jurando vingar Crassus, rasteja no acampamento dos rebeldes traiçoeiros.
Aegina e as outras cortesãs com vinho e danças eróticas desmoralizam os traidores que se esquecem do perigo.
Aegina os atrai em uma armadilha e os entrega para Crassus. Crassus está cheio de vingança. Spartacus pagará a humilhação dele por completo.

Cena 12, A Última Briga.
Legionários cercam os rebeldes.
Os amigos dedicados a Spartacus morrem no combate desigual.
Os rebeldes lutam à última respiração, mas os legionários cercam Spartacus e o crucificam nas lanças deles.
Phrygia acha o corpo de Spartacus, morto no campo de batalha. Ela lamenta em cima dele, o pesar é inconsolável. Estirando as mãos dela para o céu ela pede a memória eterna do herói.

Sherazade


Coreografia: Michel Fokine.

Música: Nikolai Rimski e Korsakov.

Cenário e Figurinos: Leon Baskt.

1ª apresentação: (Companhia do Ballet Russo de Diaghliev)
Teatro da Ópera de Paris - França - em 04 de julho de 1910.

Principais intérpretes: Ida Ribstein (Zobeida), Vaslav Nijinsky (escravo favorito),
Aléxis Bugakov (Shariar), Bassil Kissilev (Zeman) e Enrico Cechetti (o grande Eunuco).

Há muito tempo atrás era conhecido de todos um famoso sultão chamado Shariar, senhor de um luxuoso harém. Ele tinha, como todos os de sua posição, uma favorita: a formosa Zobeida, que o encantava, e a tantos outros que a conheciam. Zeman, irmão do sultão, que presenciara algumas conversas das mulheres do harém, começou a suspeitar da fidelidade de Zobeida. Depois de muito pensar, alertou o irmão do que poderia estar acontecendo. Sem muito acreditar, Shariar concordou em deixar o harém e a sua favorita por algum tempo, fingindo que ia caçar com o irmão.

Logo depois de sua suposta partida as mulheres conseguem persuadir o grande eunuco, seu guardião, a abrir as portas do harém para que os escravos negros entrassem e com elas se divertissem numa grande festa. O mais belo entre eles, vestindo trajes de ouro, é eleito por Zobeida para seu par nas danças sensuais que as mulheres do sultão costumavam fazer. No auge do divertimento, a festa é interrompida pelo regresso antecipado de Shariar. Certificando-se da desconfiança do irmão e humilhado na frente dos amigos, o sultão ordena uma matança geral à qual ninguém escapa. Zobeida, desesperada por ser a causadora de tantas mortes e envergonhada por ver conhecida sua verdadeira personalidade, se mata com uma punhalada no coração, aos pés do seu senhor.

Romeu e Julieta


Coreografia: Leonid Lavrovsky

Música: Sergei Prokofiev

Estréia: 1940, em São Petersburgo (versão atual)

Romeu e Julieta. Duas famílias, na cidade de Verona, nutrem uma grande inimizade entre si.
São os Montecchio (família do jovem Romeu) e os Capuletto (família de Julieta e seu primo Teobaldo).
Romeu e seus amigos Mercúcio e Benvólio costumam freqüentar uma praça, onde sempre arrumam brigas com
Teobaldo e seus amigos. Numa dessas brigas, o príncipe, uma espécie de governador da cidade, presencia tudo e adverte os jovens, para que a rixa entre eles tenha fim. Procurando mais confusões, Mercúcio incentiva Romeu e seus amigos a entrarem em uma festa dos Capuletto usando máscaras, onde, mal sabem eles, começará a maior de todas as brigas. Romeu e Julieta se aproximam, e sem saber quem realmente são, se apaixonam. À noite, em seu quarto, Julieta não consegue dormir, pensando no seu amor, e vai para a varanda de seu quarto. Sem saber que Romeu está espreitando-a, declara seu amor para a lua e as estrelas. É assim que eles descobrem que, por uma infelicidade de seus destinos, haviam se apaixonado pelo inimigo de suas famílias. Mesmo sabendo disso, Romeu declara seu amor e os dois prometem não deixar a inimizade de suas famílias destruir esse grande amor. Na manhã seguinte, Romeu espera a ama de Julieta, que entrega a ele uma carta de sua amada, dizendo-lhe que o ama e se casará com ele, à custa de qualquer sacrifício. Os dois recorrem ao Frei Lourenço, que apesar de adverti-los quanto à desobediência às suas famílias, realiza o casamento, persuadido pelo amor sincero que Romeu e Julieta sentem um pelo outro. Logo após a breve cerimônia, Julieta volta para casa com sua ama, e Romeu vai para a praça encontrar com seus amigos. Teobaldo aparece na praça e as brigas começam novamente. Romeu tenta acalmá-los e evitar a luta, mas nesse momento Teobaldo fere Mercúcio mortalmente. Romeu parte para cima do primo de Julieta e vinga seu melhor amigo. O príncipe fica sabendo da triste conseqüência das brigas e expulsa Romeu da cidade, dando-lhe o prazo de ir embora até o amanhecer. Julieta fica muito abalada ao saber da morte de seu primo, mas sabendo de toda a história, perdoa Romeu. Sua ama permite-lhes terem sua noite de núpcias, escondido dos pais de Julieta, e antes que Romeu vá embora. Ao amanhecer, Romeu foge escondido do quarto de Julieta enquanto a Sra. Capuletto vai ao encontro da filha para anunciar que seu pai já havia escolhido um noivo para ela. Julieta se desespera e procura a ajuda de Frei Lourenço. Este, sabendo que a jovem não pode violar os votos do matrimônio, dá a ela uma poção que a fará ficar com aparência de morta durante algum tempo, para que Romeu a encontre em seu túmulo e fuja com ela. Julieta toma a poção e o padre envia um mensageiro a Mantra, onde está Romeu, para avisá-lo de toda a farsa. Pela manhã, quando a ama vai acordar a garota, encontra-a "morta". A notícia se espalha, e chega a Romeu antes do mensageiro enviado por Frei Lourenço. Desesperado, ele compra um veneno e vai ao túmulo da amada, encontrando-a morta. Sem perceber que tudo não passava de uma mentira, Romeu toma todo o veneno, caindo morto ao lado dela. Julieta acorda, e, encontrando seu marido morto, toma sua espada e se mata a seu lado. Depois de toda a tragédia, as famílias Montecchio e Capuletto se unem na dor e decidem se perdoarem dos antigos ódios e rivalidades.

Romeu e Julieta não é um balé, mas sim vários, pois o romance de Shakespeare inspirou mais de cinqüenta produções. As primeiras foram encenadas desde 1785, mas a versão mais conhecida atualmente foi produzida em 1940, quase dois séculos depois. Também muitas músicas foram compostas para representar essa tragédia, e entre elas, versões de compositores famosos como Tchaikovsky e Berlioz também são conhecidas. A versão estreada em 1940, com a música de Prokofiev, foi a que mais se popularizou na dança, tendo características singulares. À título de curiosidade, o roteiro para essa versão pretendia mudar a obra de Shakespeare, de modo que os amantes não morressem no final, mas a mudança não foi bem aceita, sendo abandonada. Também é marcante nessa obra a grande atenção com personagens secundários, como Mercúcio, que tem um tema próprio de quase trinta minutos, tornando-se um papel disputado pelos melhores bailarinos do mundo.

 

Raymonda


Bailado em três atos

Música: Alexander Glazunov

Libreto: Lydia Pashkova e Marius Petipa

Coreografia: Marius Petipa

A história "Raymonda" acontece no século XIII. Tudo começa no Palácio de Raymonda, sobrinha da Condessa Sybil de Daurice, da França. Todos dançam alegres, quando entra a Condessa, repreendendo os convivas por suas ociosidade.
A Condessa exibe uma estátua da Dama Branca, sua antepassada que castiga os infiéis às tradições da família.
O cavaleiro Jean de Brienne vem despedir-se de sua noiva, Raymonda. Ele está de partida para uma cruzada chefiada pelo Rei Andrei II, da Hungria. Durante a noite, surge diante de Raymonda o fantasma da Dama Branca, que a leva para o Reino Mágico da Fantasia, onde Jean a espera. Eles dançam, felizes. De repente, Jean desaparece e surge em seu lugar, um desconhecido Cavaleiro Oriental, que faz uma apaixonada declaração de amor à Raymonda. Assustada, ela desmaia e só acorda quando o dia amanhece. Raymonda pensa que estas visões foram uma premonição de seu destino.Mais tarde, no Castelo dos Daurice, acontece uma festa. Os convidados estão chegando, entre eles o cavaleiro sarraceno Abderakhman, com uma enorme comitiva. Raymonda o reconhece: é o misterioso cavaleiro de seu sonho. O jovem oferece à Raymonda poder e riqueza em troca da sua mão. Raymonda não aceita e, furioso, Abderakhman decide raptá-la.Neste exato momento, Jean de Brienne entra, com seus cavaleiros e o Rei Andrei II à frente, voltando da cruzada. O rei propõe que os dois pretendentes decidam seu destino em um duelo. Jean sai vencedor e fica junto de Raymonda novamente.Em outro momento, no parque do castelo de Jean, se passa a festa das bodas de Jean e Raymonda. Os convidados desfilam e Andrei II abençoa os noivos. A festa termina com um grande baile húngaro, em homenagem ao rei.

O Quebra Nozes


Coreografia original: Lev Ivanov

Música: Peter Ilych Tchaikovsky

Estréia Mundial: 1892, em São Petersburgo, na Rússia

É festa de Natal na casa da família Stahlbaum. As crianças se divertem e Clara recebe do padrinho, Herr Drosselmeyer, um boneco Quebra-Nozes. Drosselmeyer diverte as crianças com brincadeiras e mágicas, distribuindo presentes para todos. No fim da festa, depois que todos já estão dormindo, Clara volta para a sala e adormece ao lado da árvore de Natal e de seu presente. Sonha que um exército de ratos está invadindo a sua sala, mas o quebra-nozes a defende, comandando um exército de soldadinhos de chumbo. O Rei dos ratos acaba ferindo o boneco, que, desarmado, está prestes a perder a batalha quando Clara o salva atirando seu sapato nos ratos. Drosselmeyer aparece em seguida e, num passe de mágica, transforma o boneco em um belo príncipe, que leva Clara ao Reino das Neves e ao Reino dos Doces. A Fada Açucarada, Rainha do Reino dos Doces, homenageia Clara com uma grande festa, onde todos os habitantes do seu reino dançam, representando as várias regiões (podem ser as danças do Chinês, Árabe, Russos, etc.; ou em outras versões, as danças do chocolate, do café, das flores, etc.). Por fim, a Fada dança um belo pas-de-deux com o príncipe, quando Clara começa a se sentir sonolenta até adormecer de novo. Na manhã seguinte, quando acordam, a casal Stahlbaum encontra Clara dormindo embaixo da árvore, abraçada ao Quebra-Nozes. Ela sabe que seu presente de Natal foi uma linda viagem, em forma de sonho, e não apenas um boneco.

O Quebra-Nozes foi um Balé que veio marcar a afirmação da Rússia como o grande centro mundial da dança, ao invés da França. A começar pelo seu coreógrafo, Lev Ivanov, que era russo e discípulo de Marius Petipa. Quando este perdeu seu interesse pela obra, por seu caráter infantil, Lev Ivanov assumiu a coreografia da obra. Foi a segunda composição de Tchaikóvsky para ballet, e considerada um dos mais perfeitos casamentos entre coreografia e música, pois nenhum dos dois se sobressai em relação ao outro.

O Passáro de Fogo


Coreografia: Michel Fokine.

Música: Igor Stravinsky.Cenário e Figurinos: Golonine e Baskt.

Ballet em 3 atos.

1ª apresentação: (Companhia do Ballet Russo de Diaghliev)
Teatro da Ópera de Paris - França - em 25 de julho de 1910.

Principais intérpretes: Michel Fokine (Ivan), Tamara Karsavina (Pássaro de Fogo)
e Enrico Cechetti (Katschei).

No jardim do mago Katschei havia muitas árvores, que durante todo o ano davam frutos encantados: maravilhosas maçãs de ouro. Nesse mesmo jardim viviam também algumas prisioneiras. Eram belíssimas jovens raptadas e enfeitiçadas pelo mago, que as mantinha ali para preencher o seu feudo com juventude e beleza. Num lindo dia de sol o príncipe Ivan, que passeava pelos arredores, entra sem percebe no jardim e tem uma visão extraordinária.

Atraído pelas maçãs mágicas, um Pássaro de Fogo voava passando bem próximo dele.
Ivan consegue segurar o belo pássaro de plumas de ouro, avermelhado e brilhante. Assustado, temendo se tornar prisioneiro, este implora por sua liberdade e, em troca, oferece uma de suas plumas. Elas tinham o poder de proteger contra os feitiços do poderoso mago do jardim. Impressionado com toda aquela aventura, Ivan permanece algum tempo por perto da propriedade encantada. Durante a noite, vê as princesas prisioneiras saírem do castelo de Katschei. Até o dia começar a nascer elas tinham liberdade para brincadeiras e jogos no jardim com os frutos de ouro.

O rapaz é visto pela mais bonita das moças que timidamente se aproxima e conta sua história. Ela também lhe avisa que o grande mago costuma prender os viajantes e andarilhos transformando-os em pedras. E faz isso porque teme que se espalhe o segredo da sua magia. Ivan se apaixona por ela, quer saber mais sobre sua vida e sobre suas amigas, mas logo tem de deixá-la voltar, pois o dia amanhece. Além disso, eles já estavam sob ameaça de castigo porque
as prisioneiras eram proibidas de falar com estranhos. Inconformado, Ivan quer segui-la, mas a moça implora para que não o faça, dizendo ser muito perigoso desobedecer ao mago dentro do seu reino. Ivan fica muito triste e finge aceitar o pedido da bela jovem. No entanto, corajosamente a segue pelo jardim, até que, de repente, as sinetas de alarme soam e um pequeno exército de monstros aparece. A guarda do mago ataca o príncipe e o prende.

Depois, leva-o à presença de Katschei que, furioso, lança sobre ele os seus feitiços.
Recordando-se da pluma encantada que havia ganhado do Pássaro de Fogo, apanha-a rapidamente.
Segurando-a firme nas mãos, ele agita a pluma encantada na frente do rosto do poderoso senhor.
Nesse instante reaparece o Pássaro Encantado, como que chamado pelo príncipe para que viesse em seu socorro e obriga Katschei e seus monstros a dançar até caírem exaustos. O Passaro de Fogo conta a Ivan que conhece o antigo e grande segredo do mago: a imortalidade da sua alma estaria trancada num grande ovo.

Assim fazendo ordena-lhe que procure o ovo que se apodere dele. O príncipe consegue encontrá-lo e ainda seguindo as ordens do pássaro, quebra o ovo. No mesmo instante o mago morre, o castelo desaparece e as princesas ficam livres novamente. A bela princesa se reencontra com o jovem lvan e eles prometem amar-se para sempre, enquanto o Pássaro de Fogo desaparece entre as árvores do jardim. Uma grande festa no novo reino é oferecida para os jovens e para os mais velhos, em honra do amor e da liberdade.

Paquita


Libreto de Paul Foucher e Maziilier

Música: Deldevez

Coreografia: Mazilier e Petipa.

Estréia no Teatro Royal de Música, em 1º de abril de 1846.

A ação transcorre na Espanha durante a época napoleônica.

Ato I

Ovale dos touros nos arredores de Saragoça. À direita, ao longe, imensos rochedos, que sobem em ziguezague nos degraus cavados na rocha. Ao lado, um acampamento de ciganos. Paquita é uma jovem cigana espanhola.
Estão sendo realizados preparativos para uma festa que Dom Lopez oferecerá ao general francês. Este pega a mão
de Dona Serafina, filha do governador, e a coloca na de seu filho Lucien. Não há uma aprovação amorosa.
Entra um grupo de ciganos, tendo à frente Inigo, e logo depois, Paquita aparece. A jovem dança.
Após, retira-se para um canto e olha para uma miniatura, que tirou do seio, e acredita representar seu pai.
Novas danças ciganas. Terminada a cena, Inigo manda Paquita passar o chapéu, o que a jovem faz de má vontade.
Ao ver Lucien, ambos se sentem atraídos. Inigo ordena que Paquita dance de novo, mas ela se recusa.
Quando Inigo vai bater na moça, Lucien impede. Sem ser visto, Inigo roubara a miniatura de Paquita.
Esta fica transtornada quando dá por falta da miniatura e acusa Inigo. Lucien quer prendê-lo, mas o governador intervém. Terminada a dança, o governador convida os franceses a jantarem em sua companhia.
Ficando a sós com Inigo, combina com o chefe cigano a matar Lucien e usar Paquita para atrair Lucien a uma armadilha. Depois que todos saem, entram Paquita e Lucien.
O francês propõem que a jovem cigana fuja em sua companhia, mas ela recusa.
Em seguida, entra Dom Lopez com seus convidados. O governador anuncia a partida dos franceses.
Lucien diz que irá mais tarde, pois terá de comparecer a uma festa dos ciganos em sua homenagem.
O francês se afasta com os ciganos, dizendo que irá reunir a todos em Saragoça.

Ato II

Primeira Cena: Interior de uma casa cigana. Ao fundo, um fogão; à esquerda, um aparador.
À direita, uma porta. Mobiliário rústico. Paquita está sonhando com Lucien. Ao ouvir passos, esconde-se.
Entram Inigo e o governador, envolto em longa capa. Os dois combinam a morte de Lucien, colocando, antes, um narcótico em sua bebida. Quando o governador se retira, Paquita dá um passo em falso e é surpreendida por Inigo. Mas a jovem diz que acabou de chegar. Entra Lucien e pede abrigo a Inigo, que concede. Paquita avisa ao jovem francês, por sinais, que ele corre perigo. Inigo sai com Paquita para preparar a refeição.
Ficando sozinho, Lucien se dá conta de que está trancado e sem a espada. Durante a ceia, Paquita vai avisando Lucien se pode ou não beber o vinho. Quando é servido o vinho drogado, Paquita deixa cair os pratos e, na confusão, troca os copos. Inigo logo depois adormece. Paquita avisa Lucien que está chegando a hora. Soa a meia-noite. Paquita e Lucien agarram-se à parede que, girando sobre seu eixo, os leva para fora,
ao mesmo tempo deixa entrar os bandidos, surpreendidos ao encontrarem apenas Inigo adormecido.

Segunda Cena: Salão de Festas do comandante francês em Saragoça. O Conde d'Hervilly entra com o governador, a futura nora, e sua mãe, a Condessa. De repente, entram Paquita e Lucien. Este relata tudo o que se passou e diz que a cigana salvou sua vida. Olhando para o governador, Paquita diz que foi ele quem tramou com Inigo a morte de Lucien. O conde manda prender Dom Lopez e toda a sua comitiva. Depois, tirando a miniatura do seio - que recuperara de Inigo, quando este adormecera -, Paquita a compara com um retrato na parede, e diz que é seu pai. O conde lhe diz que aquele retrato é de seu irmão que morrera no Vale dos Lobos numa cilada cigana. Paquita entende tudo; fora a única sobrevivente do massacre e seqüestrada por Inigo. O general francês abraça a sobrinha, e a Condessa leva-a para se vestir dignamente. O baile prossegue. Paquita retorna a dança que serve de prelúdio para o conjunto final.

Manon


Bailado em quatro atos.

Libreto: Domenico Oliva e de Luigi Ilica,

"Manon" é baseada na obra "Manon Lescaut", clássico do francês Abbé Prevost, escrita e publicada no início do
século XVIII, e que retrata a sociedade corrupta da época. Sua protagonista é uma jovem sensual e encantadora, amoral e interesseira, cujo maior objetivo é garantir para si mesma uma vida de luxo e diversão.
Terceiro espetáculo completo de MacMillan.

"Manon" estreou no Convent Garden de Londres com o Royal Ballet em março de 74. O autor - um dos maiores criadores do pas-de-deux da segunda metade do século, repete aqui sua marca registrada: grandes balés de
enredo, ancorados no idioma neoclássico, com um clima de lirismo, paixão e tragédia, manifestados através
da forma, verdadeiras esculturas em movimento.

1.º Ato

A ação passa-se em 1721, e inicia-se numa Estalagem em Amiens, onde o cavaleiro DES GRIEUX, de semblante sombrio, é alvo das brincadeiras de EDMONDO e de um grupo de Estudantes e de jovens, que lhe perguntam se sofreu alguma decepção amorosa. Numa diligência, chegam LESCAUT, MANON, sua irmã, e GERONTE, um velho muito rico. LESCAUT pretendia levar a irmã para um convento, onde completaria a sua educação, mas repara que ela provoca um interesse muito especial em GERONTE, e diz-se disposto a fechar os olhos e a permitir que o velho rapte a irmã,
tudo com a cumplicidade do Estalajadeiro. DES GRIEUX observa a chegada dos viajantes, e fica profundamente perturbado com MANON, pela qual se apaixona de imediato. Quanto a MANON, também se sente deliciada com o interesse do jovem cavaleiro, com o qual acaba por trocar as suas primeiras juras de amor.
EDMONDO, que escutara os planos de LESCAUT e do velho GERONTE para raptar a jovem,
informa DES GRIEUX que facilmente consegue convencer MANON a fugir com ele, na própria carruagem destinada ao rapto. Pouco preocupado com o sucedido, LESCAUT diz ter a certeza de que conseguirá convencer a irmã a aceitar a proposta de GERONTE, já que conhece, melhor do que ninguém, o seu amor ao luxo.

2.º Ato

O 2º ato passa-se em Paris. Tal como LESCAUT previra, MANON vive agora num luxuoso apartamento montado por GERONTE. Mas ela confessa ao irmão que todas aquelas cortinas de seda a deixam gelada, e que o seu único desejo é poder regressar à casa humilde onde conhecera o verdadeiro amor. Entra um Professor de Dança, e, na presença de GERONTE e de alguns seus convidados, MANON é iniciada na arte do Minueto. LESCAUT sai para informar DES GRIEUX onde MANON se encontra. O cavaleiro ganhara algum dinheiro ao jogo, tornando-se um pretendente desejável. DES GRIEUX corre para o apartamento e encontra MANON sozinha. Começa por censurar violentamente o seu comportamento, mas acaba repetindo novas juras de amor. GERONTE aparece e surpreende os dois. Fica furioso, e sai para chamar a Polícia. LESCAUT exorta os amantes a fugirem, mas MANON não se conforma em deixar para trás as jóias ganhas de GERONTE, insistindo em levá-las consigo, e DES GRIEUX volta a censura-la pelo seu desmedido amor ao luxo. Todas estas hesitações irão revelar-se fatais: GERONTE regressa com a Polícia,
acusa a amante de prostituição, e MANON vai presa.

3.º Ato

O 3º ato passa-se no Havre, numa praça junto do porto. DES GRIEUX e LESCAUT planejam libertar MANON, condenada ao degredo, e que deverá embarcar, com outras prostitutas, com destino à colónia francesa de Louisiana, na América do Norte. Um acendedor de lampiões atravessa a cena. Depois, no meio de grande agitação, é lida a lista das mulheres que deverão embarcar. Quando ouve o nome de MANON, DES GRIEUX coloca-se ao seu lado. Os guardas tentam afastá-lo, mas ele mantém-se firme na sua decisão: embarcará também. O Comandante aproxima-se, e DES GRIEUX implora-lhe que atenda o seu pedido, dizendo-se disposto a executar qualquer tarefa, por mais humilde que seja. O Comandante acaba por ceder, e MANON e DES GRIEUX embarcam juntos.

4.º Ato

O último ato passa-se numa planície na fronteira de Nova-Orleans, um cenário de grande desolação. Perseguidos pelas intrigas e pelos ciúmes, MANON e DES GRIEUX deixaram a cidade. Agora lamentam a desgraça que se abateu sobre eles, e MANON, pressentindo a proximidade da morte, pede a DES GRIEUX que a deixe morrer sozinha. Desesperado, DES GRIEUX parte em busca de auxílio, e só, como pedira, MANON exprime a sua desolação:

"Só... perdida... abandonada..." Quando o cavaleiro regressa, já a encontra agonizante.

Manon tinha um caráter extraordinário. Nunca mulher alguma, na sua posição,
teve menos amor do que ela ao dinheiro; mas, não podia estar tranqüila por muito tempo,
quando o receio de que ele lhe faltasse a vinha atormentar.
Eram os passatempos e os prazeres as suas primeiras necessidades;
nunca teria gasto um soldo se se pudesse divertir sem o despender.

O Lago dos Cisnes


Coreografia: Marius Petipa (1º e 3º atos) e Lev Ivanov (2º e 4º atos)

Música: Peter Ilyich Tchaikovsky

Estréia: 1895, em São Petersburgo

O Príncipe Siegfried está completando 21 anos, e a Rainha-Mãe decidiu que ele deveria escolher uma noiva no baile de seu aniversário. Indiferente ao amor e às responsabilidades, ele comemora o aniversário com os amigos, e à noite, resolve sair para caçar. Ao se aproximar de um lago repleto de cisnes, o príncipe se prepara para atirar quando os cisnes se transformam em jovens princesas. Odete, a Rainha dos Cisnes, dança com Siegfried e lhe conta que ela e as outras princesas são vítimas do feiticeiro Rothbart, que as condenou a viver como cisnes durante o dia, só voltando à sua forma normal da meia-noite à aurora. Segundo ela, o encanto só se quebrará quando um jovem de coração puro lhe jurar fidelidade. O príncipe declara seu amor e convida-a para o baile do dia seguinte, onde quebrará o encantamento, escolhendo-a para ser sua noiva. No baile, a Rainha-Mãe lhe apresenta seis princesas, mas ele se mostra indiferente a elas, esperando ansiosamente por Odete. Muitas danças são apresentadas enquanto o baile transcorre, até que um nobre chega com estrondo, que na verdade é Rothbart disfarçado com sua filha, Odile, metamorfoseada em Odete. Siegfried dança com ela pensando ser sua amada, enquanto Odete, ainda em forma de cisne, tenta inutilmente chamar a atenção dele nas janelas do palácio. O príncipe anuncia que já fez sua escolha, e só então percebe que ainda não era meia-noite e aquela não poderia ser Odete, mas era tarde demais, já havia dado sua palavra. Desesperado, Siegfried corre para o Lago, onde encontra Odete junto às amigas. Os amantes se jogam no lago, e nesse momento, a magia é quebrada e o reino de Rothbart desmorona, matando-o.

Antes de 1895, esse ballet já havia sido estreado com outra coreografia, de Julius Reisinger, em 1877. Foi um fracasso, pois a corografia deixava a desejar, assim como a atuação da primeira bailarina, Pelágia Karpakova. Por ser protegida, Karpakova podia fazer o que bem quisesse, inclusive modificar as partituras e inserir solos seus no ballet já montado. O resultado de tantas interferências foi um ballet sem seqüência ou sequer identidade, e conseqüentemente fracassado. A versão de 1895 possui coreografia de Lev Ivanov e Marius Petipa, este último tendo migrado para a Rússia fugindo do Mercantilismo e da desvalorização da arte na Europa Ocidental. Chegando na Rússia, Lev Ivanov se tornou seu assistente, mais tarde coreografando diversos Ballets que levam sua assinatura. São marcas do Lago dos Cisnes a trama totalmente irreal, construída na época do Romantismo/Realismo. A coreografia do 1º e do 3º ato, de Petipa, é extremamente vigorosa e técnica, enquanto os 2º e o 4º atos, de Ivanov, são extremamente poéticos, e por causa dessa poesia e do casamento perfeito entre coreografia e música considera-se que o aprendiz superou o mestre.

sábado, 26 de setembro de 2009

Harlequinade


Coreografia: Oleg Vinogradov depois Marius Petipa.

Música: Riccardo Drigo.

Figurino: Galina Solovieva.

Ballet em 3 atos e cinco cenas.

1ª apresentação: Teatro de Hermitage de São Petersburgo, em 10 de fevereiro de 1900.

É o pico do carnaval de Veneza, um dia que vinha apenas uma vez um ano. Os trajes bonitos, farristas mascarados, música, dança... Colombina está no balcão de sua casa, prestando atenção à agitação das preparações finais
para as festividades. Após fugir da casa, ela desaparece na multidão mascarada de farrista dançando. O pai Colombina, Cassandre agarra-a pela mão e tenta conduzi-la para trás da casa e impedir que ela se junte à celebração.
Ela tem que esperar seu noivo, o mercante rico Leandre. Cassandre determina que Colombina se casará com Leandre.
Entretanto, Colombina está apaixonada pelo simples e bom de coração, Harlequin, e opõe-se ao plano de seu pai a casar-se com Leandre. Cassandre trava a porta e ordena que seu empregado Pierrô não dê a chave a ninguém.

O amigo de Colombina, Pierretta, que foi incapaz de encontrar Colombina no carnaval, encontra finalmente
Colombina sozinha em seu balcão, e fica sabendo que Pierrô tem a chave. Com um beijo, ela consegue pegar a chave de Pierrô. O bom de coração de Colombina, Harlequim e seus amigos que não poderiam encontrá-la no carnaval,
vêm à casa e cantam um linda serenata à Colombina. Pierretta abre a porta para Harlequin, e Harlequin Colombina têm finalmente uma possibilidade de compartilharem juntos alguns momentos felizes.

Apenas Cassandre retorna para casa e encontra Colombina nos braços de Harlequim, e ele fica muito irritado.
Ele encontrou um noivo maravilhoso para sua filha e determina que ela se case com o homem que ele escolheu.
Cassandre ordena que seus empregados retirem Harlequin da casa, e ordena-os mais uma vez que Colombina não saia de casa. Harlequin está muito decepcionado. Ele pensa como tirar Colombina da casa e salvá-la,
e de como conseguir a permissão de Cassandre para casar-se com ela.

A rainha do carnaval, Fierina, chega na praça da cidade, carregada por empregados em um palanque. Ela pergunta com mágoa por Harlequin, "porque você chora no meio do carnaval?". Ele conta sua triste história a Fierina,
e ela oferece ajudar-lhe. Convida-o a juntar-se aos soldados que a acompanham. Entretanto, uma figura cômica que carrega um bandolim aproxima da casa de Cassandre. Nada mais é do que Leandre, quem Cassandre escolheu para casar-se com Colombina. Ele veio tentar atrair a atenção de Colombina com uma serenata.
Entretanto, suas raras tentativas de romance não trazem nada mais do que risos de Colombina. Cassandre faz o melhor para certificar-se que sua filha escute o dissonante Leandre, mas Colombina tampa as suas orelhas,
e redobra sua determinação para encontrar uma maneira se escapar do balcão.

Neste momento, os empregados avisam que um importante visitante chegou. O convidado de Cassandre é Fierina, rainha do carnaval. Fierina pergunta a Cassandre se ele arranjou um casamento para sua filha.
Cassandre traz o noivo de Colombina, Leandre, mas Colombina aparece nesse momento e expressa sua objeção à escolha do seu pai, dizendo que está apaixonada por Harlequin.
Cassandre diz que não pode consentir o seu casamento com Harlequin porque ele não tem nada.
Fierina informa-o que Harlequin recebeu uma grande herança. Harlequin carrega uma grande caixa de jóias, e quando a abrir. Cassandre se surpreende com o magnífico conteúdo. Insultado, Leandre começa a brigar com Harlequin. Harlequin ganha a luta. Agora não existe nenhum obstáculo à felicidade de Colombina.
Os dois amantes oferecem sua gratidão a Fierina e o carnaval continua.

La Fille Mal Gardeé


Coreografia: Jean Dauberval

Música: Diversos autores desconhecidos, com músicas populares. Posteriormente,
Ferdinand J. Herold e Peter Ludwig Hertel (versões russas)

Estréia Mundial: 1789, em Bordeaux e Paris.

O ballet se passa numa fazenda na França, e conta o romance de Lise, filha da viúva fazendeira Simone,
e Colas, um camponês da região. Simone planeja casar a filha com Alain, um rapaz um pouco bobo mas filho
de um grande proprietário, Thomas. Por isso, Colas e Lise vivem se encontrando às escondidas, e quando não conseguem encontrar-se, deixam um laço de fita nos locais combinados para um saber que o outro esteve lá.

Thomas e Alain combinam uma visita à fazenda de Simone para oficializar o compromisso entre os jovens, e no dia, Simone manda Lise usar seu melhor vestido para impressionar os convidados. Lise obedece irritada, e fica mais nervosa ainda com a ridícula aparição de Alain com seu guarda-chuva. Os quatro partem para o campo para celebrar as colheitas, junto com os camponeses. Lise fica aliviada porque sabe que lá poderá encontrar Colas. Durante as festas, os camponeses ajudam o casal distraindo Alain, e Simone nada percebe por que está muito distraída com a corte que Thomas lhe faz. Enquanto isso, todos se divertem muito, e Lise e Colas declaram o grande amor que os une.
Uma grande tempestade põe fim à festa. O casal foge para se proteger, e Simone chega em casa irritada, com as roupas molhadas, mas continua preparando o casamento da filha. Ao sair novamente, Simone tranca Lise em casa, para que ela não fuja novamente, mas Colas, que havia chegado escondido em meio aos camponeses, consegue entrar em casa. Os jovens trocam os lenços que usam no pescoço, para expressar seu amor, mas Lise escuta os passos de sua mãe, e tenta esconder Colas no armário, embaixo da mesa e, por fim, em seu quarto. Simone chega e percebe o lenço em Lise, mandando-a de castigo para seu quarto, onde deveria esperar por Thomas e Alain. Pai e filho chegam acompanhados de um juiz e um escrivão, para que o contrato de casamento fosse assinado. Feito o acordo, Simone entrega a chave do quarto de Lise a Alain, para que ele busque a moça para a cerimônia. Para a surpresa de todos, quando Alain abre a porta Lise está abraçada com Colas. Furioso, Thomas rasga o contrato de casamento. Simone também fica furiosa, mas acaba convencida do amor dos jovens, permitindo que eles se casem. Os camponeses organizam uma grande festa, e Alain, indiferente a tudo que está acontecendo, apenas volta para buscar seu guarda-chuva, pouco preocupado por ter perdido a noiva.

Nascido no berço da Revolução Francesa, La Fille Mal Gardée, mostra claramente em seu enredo os ideais burgueses que foram estabelecidos desde então. Para começar, Colas é um típico representante da classe dos Sans-culottes (camponeses), e Lise é uma burguesa com toda a convicção (não no sentido que conhecemos hoje). O amor vence no final, permitindo que as duas classes se unam, como na revolução. A obra estreou apenas 13 dias antes da queda da bastilha, à título de curiosidade. E, assim como os ideais de "liberdade, igualdade e fraternidade", prosperou até hoje. Além de ser revolucionário no ponto de vista histórico, La Fille Mal Gardée inovou, lançando um enredo com personagens reais e não ninfas, fadas e deuses, como nos ballets antigos. É o mais antigo dos ballets de repertório conhecidos até hoje.

A Filha do Faraó


"A Filha do Faraó", ballet criado em 1862 por Petipa para o Kirov.
Foi um de seus primeiros balés, mas, com o tempo, ele ficou esquecido. Em 2000, Pierre Lacotte decidiu
remontá-lo e o Bolshoi foi a casa que recebeu a nova coreografia.

ATO I:

Cena 1: Lorde Wilson é um arqueólogo inglês. Numa expedição ao Egito, ele e seu serviçal, John Bull, são convidados para visitarem a tenda de alguns mercadores. No entanto, o local é atingido por uma tempestade de areia e, subitamente, os dois amigos se vêem no interior de uma pirâmide. Abalado, Lorde Wilson fuma ópio e adormece.
Eis que, de repente, surge uma princesa egípcia, Aspicia. Ela transforma os exploradores ingleses também em egípcios. Lorde Wilson e John Bull são, agora, Ta-Hor e Passiphonte.

Cena 2: Na floresta, Aspicia acompanha seus servos em uma caçada. Ela é atacada por um leão e Ta-Hor a salva.
Os dois se apaixonam. Neste momento, o Faraó aparece e manda prenderem o jovem por abraçar sua filha.

Cena 3: De volta ao templo, o Faraó faz um acordo para casar Aspicia com o Rei da Núbia mesmo contra a vontade da filha. Durante a cerimônia, Ta-Hor se liberta e salva a moça do matrimônio indesejado. Os dois fogem.
O Faraó e o Rei vão atrás de capturar a noiva fugitiva e o amante dela.


ATO II:

Cena 4: Ta-Hor e Aspicia escondem-se em uma cabana de pescadores à beira do Rio Nilo. Ele sai para pescar com os outros moradores e deixa Aspicia sozinha. Ela é, então, surpreendida pelo Rei da Núbia, que a ameaça caso não retorne para o reino com ele. Sem pensar duas vezes, a jovem mergulha no rio, deixando claro que prefere morrer a casar-se com ele. Quando Ta-Hor e Passiphonte voltam à cabana, o Rei os captura.

Cena 5: Aspicia chega ao fundo do mar, lugar de confluência de vários rios que dançam para ela.
Ela também encontra o Deus do Nilo, que a permite voltar à terra para encontrar o seu amado.


ATO III:

Os pescadores encontram a princesa na beira do rio, justo quando Ta-Hor está prestes a ser condenado à morte sob a acusação de ter provocado a morte de Aspicia. A jovem culpa o Rei da Núbia por sua tentativa de suicídio e implora a seu pai para que Ta-Hor seja libertado. Ao ter o pedido negado, ela tenta se suicidar mais uma vez.
Para impedir o feito, o Faraó volta atrás e finalmente abençoa a união do casal.

Neste momento, Lorde Wilson acorda ao lado do sarcófago de Aspicia e percebe que todas as emoções vividas no Egito Antigo não passaram de um sonho.

Curiosidades

A Filha do Faraó fez grande sucesso na Rússia pelo menos até cinqüenta anos depois de sua estréia em 1862.
Foi um dos primeiros balés de repertório de Petipa. No entanto, apesar disso, ele foi retirado dos repertórios por determinação do governo soviético, que, aparentemente, não gostava de um subtema do balé: o poder autocrático dos faraós.

A encenação conta com algumas participações pitorescas, como a de um macaco e de uma cobra gigante.
Quando George Balanchine ainda estudava na escola do Teatro Mariinsky, ele foi o responsável pela
interpretação do macaquinho.

Em 2003, A Filha do Faraó foi finalmente levado aos palcos do Ballet Bolshoi 141 anos após sua estréia no Ballet Kirov. A suntuosidade é a principal marca dessa nova produção. Há variadas trocas de cenários, muitíssimos figurantes
e um guarda-roupa invejável para a personagem Aspicia, que troca de figurino umas seis, sete vezes durante todo o espetáculo. O enredo em alguns momentos lembra de leve La Bayadère, mas está longe de ter a densidade dramática deste. A música influi muito para isso. O compositor Cesar Pugni (também autor das melodias de La Esmeralda e Diana e Acteon) não tem a genialidade de Minkus. Este carrega em sua partitura toda a emoção das cenas.
O mesmo não acontece com a de Pugni. Com isso, as cenas parecem puro pastiche.

No entanto, talvez A Filha do Faraó deva ser visto com outros olhos. Ao invés da dramaticidade, priorizou-se as coreografias, ricas e bem montadas para cada cena do enredo. Lacotte caprichou nesse aspecto.

Espectro da Rosa


Música de Carl Maria von Weber, libreto de J. L. Vaudoyer
Coreografia de Michel Fokine e figurinos e cenário de Leon Bakst.

Estréia no Teatro de Monte Carlo, na França, em 19 de abril de 1911
com Vaslav Nijinski como o espectro de la Rose e Thamara Karsavina como a jovem.
Estreou no Teatro Municipal do Rio de Janeiro na sexta feira, 17 de outubro de 1913, na estréia da Companhia de Bailados Russos, com os mesmo intérpretes da primeira récita mundial. Fez parte, portanto, do primeiro espetáculo de bailados em nosso principal teatro, tendo sido o terceiro apresentado.
A música é a conhecida peça de Weber Convite à Dança, ou também, como é chamada, Convite à Valsa.
O libreto se inspira no poema de Teófilo de Gauthier. Weber dedicou sua obra à noiva, Carolina Brandt.
Em 1841, Berlioz transcreveu a peça para orquestra.


O cenário nos mostra o quarto de dormir de uma jovem donzela. De um lado, uma ampla janela.
Do jardim vem uma fragrância amena de rosas.
Uma jovem entra no quarto, em seu vestido de baile, segurando delicadamente uma rosa.
Ela retorna de seu primeiro baile.
Senta-se para recordar e adormece. A rosa escorrega de seus dedos.
A música acelera e, pela janela aberta, entra o espectro da rosa.
Aí reside o momento capital do bailado, que Nijinski fazia como ninguém,
e os críticos de ballet ainda se lamentam de que os outros bailarinos não o fizeram:
o famoso salto por cima do peitoril da janela.
A jovem e a rosa dançam no sonho. Aos poucos, tudo vai se acabando.
O espectro da rosa sai pela janela, a moça acorda,
percebe que tudo não passou de um sonho e aperta a rosa contra o seio.

Esmeralda


Balé em três atos e cinco cenas

Coreografia: Jules Perrot

Música: Cesare Pugni

História: Jules Perrot

Estréia: 1844, no Teatro de Sua Majestade, em Londres.

Estamos no século XV, no Pátio dos Milagres, em Paris. Ao entardecer, os mendigos encontram-se numa algazarra geral, sob a presidência de Clopin. O poeta Pierre Gringoire é trazido à sua presença. Os outros o revistam,
e como só encontram um poema em seus bolsos, ficam irritados. Clopin condena Pierre à morte.
Dá-lhe, contudo, uma opção: se encontrar uma mulher que queira desposá-lo, será livre. Porém, ninguém se apresenta. Nesse momento, entra a cigana Esmeralda, que se compadece da situação de Pierre e
concorda em casar-se com ele. Segue-se uma dança para comemorar o matrimônio.
Claude Frollo aproxima-se de Clopin e confessa seu amor por Esmeralda.
O chefe concorda em ceder-lhe a cigana, e Claude declara-se a ela. Ouve-se o toque de recolher.
Claude chama Quasímodo, o sineiro da igreja de Notre Dame, para ajudá-lo a pegar Esmeralda.
Os dois se atiram sobre a cigana. Nesse momento, entra um policial com o capitão Phoebus à frente.
Claude consegue fugir, mas Quasímodo é preso. Esmeralda e Phoebus trocam olhares, e a jovem lhe conta sua vida. Ela intercede pelo corcunda e consegue sua libertação, fugindo dos beijos e abraços do capitão e levando consigo sua faixa. Esmeralda entra em seu pequeno quarto, pobremente mobiliado, segurando a faixa de Phoebus.
Com o olhar perdido, forma o nome do capitão com umas letras na mesa.
Entra Pierre Gringoire, o poeta, julgando que aquele abandono da cigana signifique amor por ele.
Tenta agarrá-la mas ela se livra, apanha um punhal e o ameaça, dizendo que só o desposou por piedade.
Pierre sai, decepcionado. Pouco depois aparece Claude, com Quasímodo.
Ele declara seu amor a Esmeralda, mas logo vê o nome de Phoebus na mesa. A jovem foge.
Claude sai atrás dela, mas cruza com Pierre e tenta apunhalá-lo.
É detido por Quasímodo, que jura vingar-se de Phoebus. No jardim da mansão de Gondelaurier, são feitos os preparativos para o casamento de Fleur de Lys e Phoebus. A noiva dança com suas amigas.
Entra o noivo, que beija, indiferente, sua mão. Esmeralda vem dançar, acompanhada por Pierre Gringoire.
O capitão demonstra seu sentimento, o que enfurece a noiva, principalmente depois que ela vê a faixa de Phoebus com a cigana. Fleur de Lys arrebata a faixa de Esmeralda, mas cai no chão desmaiada.
Enquanto é levada para casa, o poeta protege a saída de Esmeralda. Phoebus os segue.
É noite. Em um aposento de uma taberna, com uma janela que dá para o rio, entra o chefe Clopin, seguido por Claude, com um archote na mão para iluminar o caminho. Clopin indica um esconderijo e Claude entra ali com um punhal. Tempos depois chegam Phoebus e Esmeralda. O capitão pergunta à jovem como é que ela pode amar dois homens ao mesmo tempo. Tomando uma pluma e soprando-a, ela responde que seu amor é como uma pluma ao vento.
Com ciúmes, Claude salta sobre os dois com o punhal na mão. Phoebus puxa Esmeralda para um quarto.
Ouve-se um tiro e a queda de um corpo. Claude sai correndo e salta pela janela. Esmeralda desmaia.
Clopin invade o recinto, seguido por outras pessoas e acusa Esmeralda de assassinato.
A cigana é presa, apesar de seus protestos. Segurando uma rosa, ela dança como em um sonho.
Aos poucos, tudo vai se acabando. O espectro da rosa sai pela janela, a moça acorda, percebe que tudo não passou realmente de um sonho e aperta a flor contra o seio.

Don Quixote


Coreografia: Marius Petipa

Música: Leon Minkus

Estréia Mundial: 1869, em Moscou.

Na praça do mercado, em Barcelona, Quitéria (Kitri) está sendo forçada por seu pai a aceitar a corte do rico comerciante Gamanche, que deseja se casar com ela. A moça, apaixonada pelo barbeiro Basílio, reluta insistentemente. Dom Quixote chega à praça e presencia a cena, logo vendo em Quitéria a alucinação de Dulcinéia, a mulher de seus sonhos. D. Quixote desafia Gamanche para um duelo, mas não é levado à sério nem pelo comerciante, nem pela multidão, sendo expulso da cidade. Basílio, por sua vez, desesperado ante a perspectiva do casamento de Kitri com Gamanche, finge estar se suicidando, e pede ao pai da moça que lhe satisfaça um último desejo, concedendo-lhe a mão de Quitéria em casamento. O pai cede, e para o seu espanto, Basílio se levanta radiante de saúde e felicidade, para abraçar a amada. D. Quixote, expulso da cidade, acampa à beira dos moinhos, onde encontra o rei dos ciganos, que organiza uma festa para ele. O velho bebe demais e acaba vítima de suas fantasias, pois ataca carroças de marionetes e os moinhos de vento, julgando estar em batalha com gigantes inimigos. Ao final da batalha, o velho dorme, ferido, e sonha com os jardins de Dulcinéia, povoados por seres fantásticos. Um duque que passava por ali acorda o fidalgo e convida-o a pousar em seu castelo. Lá, numa festa em homenagem ao cavaleiro, seu amigo Carrasco simula com ele uma batalha, convencendo-o ao final de abandonar as ilusões e voltar a viver na realidade. Enquanto isso, na praça de Sevilha, o casamento de Quitéria e Basílio é celebrado com uma grande festa e muitas comemorações.

D. Quixote, a novela de Miguel de Cervantes, inspirou vários ballets, ao longo dos tempos. As primeiras versões encenadas não obtiveram sucesso suficiente para se manterem até hoje, mas a versão estreada em 1869, com o libreto um pouco mais livre da obra, teve um sucesso arrebatador, creditado ao seu virtuosismo técnico. Essa obra marca a ascensão da Rússia a centro mundial da dança, pois naquela época a Europa Ocidental vivia o mercantilismo, deixando o campo das artes um pouco abandonado. Em conseqüência, os artistas migraram para o Império dos Czares, onde a dança, especialmente, era muito estimulada. Assim foi feito com Jules Perrot, Saint-Léon e Marius Petipa, o autor em questão. Petipa era muito ligado a temas espanhóis, tendo trabalhado e estudado em Madri, e inclusive já havia remontado outro ballet com motivos espanhóis na Rússia: Paquita. São marcas de D. Quixote a cor, a sensualidade, o humor e o calor dos temas espanhóis. Foi dançado predominantemente na Rússia até a migração de grandes nomes soviéticos para o Ocidente. Só depois da chegada de Nureyev, Barishnikov e Balanchine no mundo ocidental é que o ballet passou a ser dançado com mais freqüência por nossas companhias.